Presidente da República em exercício concedeu entrevista ao 'SBT Brasil'.
Dois ministros deixaram cargos no intervalo de três semanas de governo.



O presidente da República em exercício, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira (2) em entrevista concedida ao jornal "SBT Brasil" que, em caso de novas revelações de envolvimento na Lava Jato ou denúncia de corrupção, ministro de seu governo deverá deixar o primeiro escalão. Desde 12 de maio, quando Temer assumiu a presidência no lugar da presidente afastada, Dilma Rousseff, dois novos ministros deixaram o cargo que ocupavam no governo.

Fabiano Silveira, ex-ministro da Transparência, deixou o posto após vazamento de áudio no qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR). O ex-ministro do planejamento Romero Jucá saiu do governo após vazamento de conversa na qual ele diz que é preciso "pacto" para barrar a Lava Jato.

Na entrevista exibida na TV, Temer foi perguntado se haverá demissões no mesmo dia em caso de eventuais novas revelações envolvendo ministros e a Operação Lava Jato ou outros casos de corrupção. "Acho que os ministros sairão, eu não tenho a menor dúvida disso. Se houver incriminações, acho que o próprio ministro tomará a providência", declarou.
"Às vezes dizem: ‘o Temer demorou a tirar o ministro’. O fato aconteceu às 11 horas de uma noite... não existe isso [de demorar a demitir]", completou.

Previdência e CPMF
Na entrevista, o presidente em exercício foi perguntado se é favorável à idade mínima para a aposentadoria. Ele respondeu que sim, inclusive para servidores públicos. “Sim, acho que é preciso igualdade, isonomia. E penso que os servidores públicos não se abalariam”, afirmou. Ele destacou que é preciso "reformular a Previdência" no país.

A equipe econômica montada por Temer tem dito, desde que o peemedebista assumiu interinamente a Presidência, que uma das prioridades do governo será fazer uma reforma nas regras previdenciárias. Uma demonstração de que mudanças no setor serão um dos focos do presidente em exercício foi a incorporação da Secretaria de Previdência Social ao Ministério da Fazenda. Antes, a área integrava o Ministério do Trabalho.

"Qual é a solução agora? Estamos vendo uma fórmula de comum acordo com centrais sindicais, com a sociedade. Num dado momento, formularemos um projeto dizendo [como será]. Ou fazemos isso, ou a Previdência não dará conta”, disse.

Temer também não descartou a possibilidade de retorno da CPMF que, segundo ele, seria “necessariamente” temporária.

Reajustes a servidores
Michel Temer também comentou, na entrevista, os reajustes salariais que a Câmara aprovou na noite de quarta-feira e na madrugada desta quinta para várias categorias do serviço público. A estimativa, segundo os projetos aprovados, é que o impacto dos aumentos nas contas públicas seja de R$ 50 bilhões em quatro anos. Para Temer, os reajustes são "discretos" e "pacificam" a relação de servidores com o governo.

"Foi uma coisa ajustada no governo anterior, por várias categorias, Ministério Público, que ansiavam pela aprovação dessa matérias". disse. "Elas pacificam a relação do governo com varias categorias. É um aumento discreto. [...] É util para o governo", concluiu.

Recuos
Questionado sobre recuos em seu governo, Temer disse não ver problema em fazer mudanças, como quando a pasta da Cultura voltou a ter status de ministério e deixou de ser secretaria vinculada ao Ministério da Educação. “Que coisa boa, não é? Você sabe que só autoritários é que não recuam, e que não percebem o equívovo?”, contestou.

Ao comentar a mundança que fez na pasta da Cultura, Temer disse que “tanto faz” o status, de secretaria ou ministério. “Se for secretaria, vai ter o mesmo orçamento, os mesmos incentivos, Lei Rouanet em vigor, o mesmo modelo. Eu vou ficar suportando objeções ao longo do tempo? Então que se restaure o ministério”, declarou.

Fonte: SBT Online