Governo quer impeachment resolvido 'o mais breve possível', diz Padilha
02 de jun de 2016 - 15:26h O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou nesta quinta-feira (2), após participar de cerimônia no Palácio do Planalto, que o governo do presidente em exercício Michel Temer quer que o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff seja resolvido “o mais breve possível” no Congresso Nacional.
Dilma está afastada do cargo desde 12 de maio, quando o Senado aprovou a admissibilidade do processo. Atualmente, os senadores da comissão que analisa o pedido de impeachment estão na fase de definir o cronograma para o andamento do processo.
“Se consultássemos a cada cidadão, ele diria que quer, sim, definir logo [o processo] e que este período de transitoriedade [do governo Temer] acabe. Se formos perguntar ao governo afastado, por óbvio. Para nós, governo Temer, interessa, sim, que [o processo] seja [resolvido] o mais breve possível, obedecendo as regras fixadas pelo Supremo Tribunal Federal”, declarou Padilha.
O ministro, um dos principais conselheiros políticos de Temer, acrescentou ainda que "preocupa" o governo a possibilidade de senadores que votaram a favor da admissibilidade do processo votarem contra o impeachment de Dilma. Ele, contudo, fez questão de destacar que o placar da votação "só deverá ser conhecido 24 horas antes".
Um dos responsáveis pela interlocução do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, o peemedebista gaúcho declarou ainda que o governo tem acompanhado as manifestações de senadores que sinalizam a possibilidade de votar contra o impeachment, mesmo tento se posicionado a favor da admissibilidade.
Ao ressaltar sua “experiência com mais de duas décadas de convivência com o Congresso”, Eliseu Padilha declarou também que, na política, “uma hora é uma eternidade”.
“E nós estamos há 60 dias [da votação], mais ou menos. Portanto, vamos ouvir até lá muitas manifestações – ainda que em tese não estávamos esperando –, mas isso acontece. Agora, há, na minha visão, um termo positivo que foi visto na votação na Câmara e no Senado que foi a expressão da vontade do povo”, acrescentou.
Dos 513 deputados, 367 votaram pelo impeachment; no Senado, 55 dos 81 optaram pela admissibilidade.
Reforma ministerial
Durante a entrevista desta quinta, no Palácio do Planalto, Eliseu Padilha também foi questionado sobre se Temer pretende recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Nesta quarta, o presidente em exercício recebeu a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e, no encontro, o movimento social pediu ao peemedebista que recrie a pasta, transformada em uma secretaria inicialmente subordinada ao Ministério do Desenvolvimento Social e, agora, deslocada para a Casa Civil.
Segundo Padilha, que passou a chefiar as secretarias responsáveis pelas políticas de reforma agrária, Temer disse no encontro com a FNL que, após a decisão do impeachment pelo Senado, e se for confirmado o afastamento de Dilma, “pode” analisar o pedido.
“Ou seja, pode ser uma reforma ministerial? Pode. Mas poder não significa que vai ter”, afirmou.